terça-feira, 11 de outubro de 2011

A madeira sapeca - Vitor

   Era uma vez uma madeira muito sapeca.

   Quando eu era recolhida para ser jogada na lareira, eu começava a falar, falar e falar. Assustando os pobres senhores de todas as casas e vilas. Eu já tinha até um apelido, eles me chamavam de lenha amaldiçoada. Assustados como todos os outros moradores, os pobres senhores me pegavam e me jogavam no lixo.
   Um dia quando estava no lixo dormindo, chegou o lixeiro pegando a sacola e a amarrando-a bem forte e pondo-a na caçamba da caminhonete, mas como eu estava dormindo, eu nem tinha percebido o que estava acontecendo. Mas o lixeiro não tinha percebido que a sacola, na qual eu estava, estava rasgada, então quando nós passamos por uma lombada eu saí voando na caminhonete e fui parar na frente de uma casa, com o tombo que levei acordei rapidamente.
   Não sei o que tinha acontecido, mas um belo dia parei na frente de uma casa.
   Eu ouvi um barulho de porta se abrindo, quando olhei eu vi um velho senhor se espreguiçando.
   Quando ele olhou para baixo, ele me viu e disse:
    - Esta madeira veio a calhar; quero usá-la para fazer um pé de mesa.
     Então ele me pegou e me colocou sobre uma escrivaninha, e logo depois pegou o machado, e eu arregalei os olhos.
     Então quando ele foi dar a primeira machadada, eu falei rapidamente:
     - Não bata tão forte!
     Então o pobre senhor começou a ficar com medo.
     Desorientado, ele começou a olhar em volta para ver de onde saído essa vozinha, e não achou ninguém.
     E olhou embaixo de tudo e nada....
     - Entendi - disse então rindo e coçando a peruca.
     - Eu que inventei essa vozinha.
      Então pegou o machado novamente e deu a primeira machadada.
     - Ai!!! Você me machucou!! - disse gritando.
     - Desta vez, o pobre Cereja ficou pasmo, com os olhos esbugalhados de medo, com a boca toda aberta.
     Assim que ele melhorou, ele disse:
    - De onde será que tá saindo esta vozinha?... Mas aqui não tenha nenhuma viva alma.
    - Será que tem alguém brincando comigo? - disse com raiva.
     Dito isso, agarrou-me e começou a me bater contra as paredes, me segurei para não gritar ou falar alguma coisa que ouvisse.
   Depois o pobre senhor ficou esperando como um bobo para ver se ouvia alguma coisa, esperou 2, 5 e 10 segundos e não ouvira nada não se quer um pio.
   - Entendi - disse rindo falsamente - Parece que fui eu que imaginei esta vozinha.
   Como ele estava com tanto medo, começou a cantarolar para disfarçar esta vozinha.
    Depois ele deixou  seu machado de lado e pegou a plaina para me alisar, mas na hora que ele foi me alisar eu disse:
     - Pare!!! Você está fazendo cocegas no meu corpo !!
     Dito isso o pobre senhor caiu como se tivesse levado uma marretada na cabeça .
     Seu rosto parecia que tinha sido transfigurado, estava com muito medo e assustado.

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Trabalho feito no primeiro trimestre de 2011. Mudança de foco narrativo de um dos capítulos do livro "As aventuras de Pinóquio".

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